sábado, 21 de novembro de 2015

029 - Brincando de Índio, mas Sem Mocinho pra Nos Pegar!

Olá, crionças queridas, amadjeenh@s de Tom! Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Boa madrugada! Bom qualquer-horário-que-seja-contanto-que-vocês-estejam-aqui!
Hoje é dia de mais uma postagem na minha, na sua, na nossa Discoteca, para alegrar o fim-de-semana de todo mundo!
Sempre me considerei um cara pacifista. Mesmo tendo um gênio do cão sendo relativamente bravo e difícil de lidar, SEMPRE fui um cara pacifista e acredito piamente que violência deve ser o último dia recursos utilizados para qualquer fim - e aí de quem duvidar de mim!
Mesmo assim, seu Lula sempre me dizia que "o mundo é uma guerra, e você precisa se armar para ser um bom guerreiro". Sempre achei muito dramático e violento da sua parte (da DELE, pessoa!), mas quanto mais cresci, mais percebi que infelizmente seu Lula está com a razão! E não apenas no sentido figurado!
A obra de hoje tem algo a ver com isso. Sobrevivência é uma arte que pouc@s dominam, e ninguém aprende sem vivência. Então, que nos pintemos e preparemos nosso melhor grito!
E vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://www.hitsebeats.ninja/

Single: Survivor
Artista: Clarice Falcão
Gravadora: Chevalier de Pas
Data de lançamento: 13/11/2015
Fonte da imagem: http://capricho.abril.com.br/
Clarice Falcão esteve aqui na Discoteca a pouco mais de uma semana, com toda a sua fofurice (sim, eu criei este termo, e daí? Mindêxem!). Jamais imaginei que as reações à postagem fossem tão boas, a menina é popular!
Para minha surpresa, durante a "promoção" da postagem seguinte à de "Monomania", várias pessoas vieram me marcar no Facebook em postagens relativas a um vídeo. Um vídeo forte, lindo e de certo modo ousado. Quem diria, um clipe de Clarice Falcão. Não sei se fiquei mais surpreendido pelo timing ou pela novidade que a menina trouxe ao seu repertório. Parecia até que estavam pedindo que eu falasse sobre ela, novamente. E cá estamos, Clarice e eu.
Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/
Survivor foi supostamente escrita para as Destiny's Child por sua frontwoman Beyoncé, papy-poderoso-e-então-empresário Mathew Knowles e um senhor chamado Anthony Dent no meio de um período turbulento para o grupo: metade dele abandonou o barco e partiu pra baixaria para o ataque. É uma diss song - aquelas faixas mal-educadas comuns no mundo do hip hop onde artistas ficam se desrespeitando. Considero esta uma das mais perigosas, porque não apenas não cita diretamente a quem se destina (embora qualquer um@ que conheça a história do grupo saberá), mas fala o suficiente pra dizer: "Você não é necessária e é uma (insira seu xingamento neste espaço), mas eu te desejo muito bem, tá? Vai pela sombra e morra!" - enfim, cobras sendo cobras a lidar com cobras sendo cobras.
Fonte da imagem: http://funwithbrazilianportuguese.com/
Clarice fez diferente. Nada de "Já acabou, Jéssica?" - Sua versão de Survivor fala de libertação: Clarice Falcão largou a louca bonitinha de "Monomania" para falar de redação do ENEM FEMINISMO. Algumas coisas poderiam ter sido trocadas, pois ficaram estranhas (Falcão não vendeu nove milhões de cópias nem em sonho), mas isto é o de menos! Acho importantíssimo mostrar que, em tempos de Malafaias, há Clarices (junto a toda uma geração pós Simone, Madonna, Annie e até mesmo Spice Girls) prontas para mostrar que, sim, são poderosas, donas de seus corpos e suas vidas, não aturam qualquer conversinha de quem quer que seja e merecem respeito - afinal, também são seres humanos - E NÃO HÁ SER HUMANO DE SEGUNDA CLASSE, INDEPENDENTE DE QUALQUER CONDIÇÃO!
Fonte da imagem: http://g1.globo.com/
O vídeo é poderoso. Clarice e várias outras mulheres aparecem dublando a canção enquanto passam o batom por vários outros lugares que não seus lábios. São mulheres a se pintar para uma grade batalha. São mulheres declarando guerra contra o machismo que as oprime e machuca. Uma delas ainda destrói o batom, e achei genial. É uma destruição simbólica de um "símbolo-mor da feminilidade": quem disse que uma mulher que não esteja maquiada é menos feminina, ou mesmo que toda mulher tem que ser "feminina"? Uma pena que @s comentários apenas se refiram à separação de Gregório Duvivier, quando tantos assuntos mais pertinentes são puxados pela canção e pelo clipe.
Fonte da imagem: http://thinkolga.com/
Para coroar a ressignificação de Survivor, toda a renda do single será revertida pra a ONG Think Olga, que promove o empoderamento feminino através da informação - ferramenta tão poderosa! Gostaria de ver Beyoncé fazendo melhor.
Pessoalmente, eu não gosto de Beyoncé. Reconheço suas habilidades vocais (quando está parada) e como dançarina (ela é realmente impressionante), mas não curto a maioria de suas músicas e tenho sérios questionamentos quanto à sua ética de trabalho e sua utilização hipócrita da causa animal para autopromoção. E Survivor ressoa em mim como uma música nada além de mediana - mas que tem, sim, alguma chama em si. Mesmo com toda a transformação que Clarice trouxe, a música propriamente dita não ficou melhor - simplesmente não deixou de ser uma diss song. É uma pena, porque ela possui potencial, e nem Knowles, nem Falcão conseguiram extrair todo o sumo que a canção pode ter a oferecer.

VEJAM TAMBÉM!
Biblioteca

"Manual do Arquiteto Descalço"
(técnico)
Johan Van Lengen
Filmoteca

"Uma Escola Atrapalhada"
(longa-metragem)
Antônio Rangel

2 comentários:

  1. Tom,
    Adorei o seu jeito ácido, estrovertido e inteligente de falar.
    Queria que tivesse o vídeo ou o link para a gente acessar, pois é óbvio que fiquei com vontade de escutar a música.
    Para mim, a Clarice tem cara de jingle. Explico: ela fez uma propaganda do supermercado Pão de Açúcar e, quando escutei umas músicas dela na casa da minha irmã, eram todas no ritmo do Jingle. Será que essa é mais diferente? Vou procurar.
    Beijinhos.

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    Respostas
    1. O link pro vídeo está no texto, Adriana - no parágrafo em que falo dele.
      E realmente as canções dela seguem todas a mesma linha do jingle dela para o Pão de Açúcar! Este single, também, mas mais sombrio.
      Gratíssimo pela visita! Volte sempre!

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